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Mais de 900 vinhos foram degustados na última semana para descobrir quais eram os mais saborosos e de maior qualidade no Brazil Wine Challenge 2022. A premiação terminou na sexta-feira (10), concedendo medalhas para 270 candidatos.
O concurso é realizado a cada dois anos desde 2002 e em 2022 contou com o maior número de rótulos concorrendo. O evento ocorreu no Rio Grande do Sul.
Entre os 10 vinhos que levaram a medalha gran ouro – categoria acima da medalha de ouro – 6 eram brasileiros.
A premiação é promovida pela Associação Brasileira de Enologia (ABE) e contou com 74 especialistas que assumiram a missão das mesas de jurados.
De acordo com a entidade, o concurso demonstrou um aumento na qualidade de vinhos “tranquilos” no Brasil. Os produtos do tipo ganharam 197 medalhas – o dobro do espumante (72 medalhas) -, desses 185 eram rótulos brasileiros.
“O Brasil não elabora apenas espumantes diferenciados, mas também vinhos tranquilos e os prêmios arrematados mundo afora comprovam esta evolução. Agora, o Brazil Wine Challenge também corroborou e é testemunha deste avanço atestado às cegas”, salienta o presidente da ABE, enólogo André Gasperin.
Um dos vinhos que conseguiram alcançar o gran ouro foi o Inverno Late Harvest 2021, da vinícola Casa Geraldo, de Minas Gerais. Esse rótulo traz o debate de uva-passa para um outro nível: o da bebida.
Este vinho é feito com processo de sobre maturação, ou seja, a fruta se torna uva-passa ainda no pé, tendo como resultado um vinho com o açúcar 100% natural da uva. A bebida é recomendada para sobremesas mais leves, como salada de frutas, explica Carlos Geraldo Marcon, um dos proprietários da vinícola.
“Você toma, ele é docinho de cara assim, mas em seguida já deixa a boca seca, não fica melaço na boca depois”, narra Geraldo.
O Inverno Late Harvest 2021, como o próprio nome já sugere, é um vinho de inverno de duas podas, isso significa que há colheita no inverno e no verão. Carlos conta que como a vinícola se localiza em Minas Gerais, onde no verão é época de fortes chuvas, precisou aprender a cultivar o ano inteiro. Assim, além de colher no verão, há a garantia da segunda safra.
Ao todo, a vinícola inscreveu no concurso 12 rótulos, dos quais 10 foram premiados.
Carlos conta que a vitória deixou todos da empresa em “êxtase”. “Para nós foi uma surpresa. A gente não imaginava que na terra do vinho [iríamos] ser tão privilegiados assim e levar tantas medalhas”, disse.
A família Lovatel não é nova no ramo de vinhos, cultivam uvas já há 6 gerações, mas pela primeira vez se arriscaram no plantio da variedade Pinot Noir, muito usada em tintos, para a produção de rosé. O rótulo Giuseppe Lovatel Rosé 2021 também está na lista dos ganhadores do gran ouro.
Para Evandro Lovatel, diretor comercial da empresa, o grande diferencial do produto é que ele possui o frescor da tropicalidade das frutas brasileiras e não precisa, obrigatoriamente, de um acompanhamento para ser saboreado.
“A gente tá feliz porque desde a sua primeira tiragem estamos com um produto premiado”, conta.
A vinícola, localizada no Rio Grande do Sul, seleciona os vinhos que participaram dos concursos ainda no plantio, explica. Ainda assim, o prêmio não era esperado.
“Quando tu faz o seu produto, tu imagina em fazer um produto bom e busca fazer sempre o produto de excelente qualidade. Mas quando que tu coloca o produto para ser avaliado e essas pessoas acabam escolhendo o teu vinho como um dos melhores, é uma grata surpresa, né?”, diz Evandro.
Também ganhador do gran ouro, o vinho Castellamare Chardonnay Barricas, da Cooperativa Vinícola São João, é feito com a variedade Chardonnay e passa por um processo de envelhecimento de 6 meses em barricas francesas, sendo transferido em seguida para outros 6 meses na garrafa, só então indo para a comercialização.
O resultado é um aroma amanteigado, com notas de flores brancas e frutas cítricas, como maracujá, marmelo e pera. Com uma coloração amarelo dourado, o vinho dá a sensação na boca de acidez equilibrada, maciez e persistência, descreve a cooperativa do Rio Grande do Sul, que conta com 480 associados.
Segunda a cooperativa, o prêmio tem grande significado para os produtores e enfatiza seu trabalho e esforço.
A disputa contou com a participação de 15 países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bolívia, Brasil, Chile, Eslováquia, Espanha, França, Itália, México, Portugal e Uruguai.
O Brasil foi quem ganhou mais medalhas, sendo 6 gran ouro, 169 ouro e 10 prata. O segundo país a levar mais premiações foi o Chile, com 26 medalhas de ouro e uma prata. Confira como os demais países se saíram:
Entre os brasileiros, a premiação contou com diversidade de regiões. Vinícolas dos estados da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo estão na lista dos premiados.
Fonte: G1