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PF prende coordenador da Funai e mais 2 em ação contra locação de Terra Indígena no Araguaia

Grupo comandava esquema de arrendamento de terra para criação de gado dentro da reserva no norte de MT

A Polícia Federal deflagrou hoje (17) a Operação Res Capta em Barra do Garças (MT) e prendeu o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Jussielson Gonçalves Silva,  e o 2º sargento da Polícia Militar do Amazonas Gerard Maximiliano Rodrigues de Souza. E ainda fazem busca e apreensão contra a servidora da Funai, Thaiana Ribeiro Viana e o cacique Damião Paidzané, uma das lideranças da Terra Indígena Marãiwatsédé, localizada entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia (MT).

Eles são investigados por esquema de arrendamento terras dos Xavantes a fazendeiros para criação de gado e a formação pasto. A ação que culminou na prisão do grupo foi autorizada pela juíza da Vara Federal de Barra do Garças, Danila Gonçalves de Almeida.

Nessa manhã, a Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão na sede da Funai no município de  Ribeirão Cascalheira (MT) e na casa do coordenador do órgão, Jussielson.

A pedido da PF a Justiça bloqueou ainda as contas do cacique Damião, permitindo somente o saque de R$ 200 mil para o abastecimento da tribo.

As investigações da Operação Res Capta tiveram início em 2017 a partir de uma denúncia anônima em Barra do Garças (MT) por telefone. A testemunha narra que o atual coordenador da Funai de Ribeirão Castanheiras, Jussielson estaria recebendo valores em dinheiro, em troca de favores como dar preferência a algumas pessoas no arrendamento de terras dentro da reserva indígena Marãiwatsédé.

A denúncia apontava ainda que um dos arrendatários estaria sendo beneficiado pela conduta do coordenador da Funai, que supostamente atuava para beneficiar o pecuarista, empresário, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Serra, Nova Gelson.

Segundo o denunciante, Gelson estaria pagando para Jussielson no intuito de conseguir arrendar mais terras na região indígena. O problema que para beneficiar o ex-político o presidente da Funai teria que tirar da área outros pecuaristas também arrendatórios da terra.

Para comprovar o esquema, o denunciando apresentou à PF quatro comprovantes vias pix, que totalizaram um montante de R$ 50 mil, em nome da da filha de Gelson transferidos para a conta bancária da esposa de Gerard, intermediador da negociação.

Em virtude os fatos narrados foram feitos várias diligencias preliminares que comprovam as atividades ilícitas.

Os envolvidos devem responder pelos crimes solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente. Com uma pena que varia de 2 a 12 anos de prisão. E pelo artigo 333 do código penal, que é de oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Pena de até 12 anos de reclusão.

Área alvo de disputa

Com 165 mil hectares (equivalente ao tamanho do município do Rio de Janeiro), a terra indígena Marãiwatsédé é alvo de disputa há mais de 60 anos. Em 1966, os indígenas foram retirados do local e levados para região no Sul de Mato Grosso.

A partir daí os índios xavantes buscaram retomar seu território. Em 1992, tratativas foram iniciadas para a demarcação de área, homologada em 1998. Já em 2012, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), foi iniciada a desintrusão com retirada de posseiros da gleba Suiá-Missú, um latifúndio de cerca de 1,7 milhão de hectares criado dentro da área xavante.

Fonte: Rededanoticias




17/03/2022 – Confresa FM

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